Manifestar a nossa atitude de gratidão às vezes é difícil, mas quanto mais aprendemos a agradecer mais espaço abrimos para novas e inesperadas bênçãos surgirem em nossas vidas.
Saber receber é a terceira disposição da alma, necessária para a conexão espiritual. É a vivência da alegria. Feliz é quem sabe que está vivendo daquilo que o Universo lhe alcançou. Por isso é que a alegria na nossa vida é proporcional ao grau de conexões que mantemos com a Grande Fonte Criativa. Quando alguém conhece o que é essencial a ser desejado, também acredita firmemente que o Universo sabe do que ele mais precisa então se alegra profundamente com aquilo que recebe dele. Na maioria das vezes a amargura é o que se colhe das grandes frustrações, próprias de quem não conhece o que é essencial ao desejo e criam ilusões.
Ao contrário, quem está intimamente conectado com a totalidade do Universo, ligado à Grande Teia Universal, não só sabe o que deseja como também reconhece com profunda gratidão o que recebe, pois compreende o significado do dom recebido, na visão do grande contexto em que isso se realiza. É por isso que a maioria das pessoas profundamente místicas alegram-se com o que é simples, com o que é pequeno, com o pouco. Pois não há nada pequeno no contexto da grande visão, pois no todo ele é do tamanho da inteireza de tudo.
Neste processo, redescobrimos a magia maravilhosa das coisas mais simples. Cada vez que demonstramos gratidão pelas milhares de bênçãos que recebemos diariamente enviamos energia para o mundo desconhecido da Teia Universal, e esses fios de gratidão fortalecem nossa conexão espiritual. A trama de fé e confiança que surge disto é a rede de segurança que nos protegerá quando atravessarmos uma Noite Escura da Alma, impedindo a ação de nosso maior inimigo interior, que é a postura de vítima. A última coisa em que pensamos durante uma crise é que ela seja uma oportunidade, mas esta é a dádiva que a vida continuamente nos oferece, de reconhecer o valor do apoio recebido, de nos tornarmos mais sensíveis à dor dos outros, de compartilhar nosso fardo com outros, em vez de pensar que estamos sempre sozinhos. Em última análise, temos a oportunidade de confiar que amanhã seremos uma pessoa melhor, quando emergirmos do outro lado desta passagem sombria de hoje.
Quando não possuímos a visão da totalidade de nós mesmos, da profundidade e da preciosidade que carregamos, cresce em nós um sentimento de solidão, de escassez, de insuficiência. Por isso, talvez, é que reclamamos facilmente da vida, do que nos acontece e, principalmente, do pouco que achamos receber. Onde não há a noção sagrada da Totalidade há uma constante sensação de pobreza de alma, de pouca importância, de insatisfação e de pouca gratidão.
Saber receber é estar ciente de que tudo já se possui antes mesmo que algo se materialize. Quando você vislumbrar uma profunda dimensão de si mesmo, através do desejo, descobrirá que não falta muito para que isso se torne realidade palpável, basta aguardar o novo movimento que se abrirá no arco dinâmico da vida, e então, no mesmo instante, começa a crescer um sentimento de profunda gratidão. Por isso, de certo modo, a alegria de receber nasce juntamente com o desejo, quando o desejo for essencial.
Saber agradecer é uma forma de abrir espaço positivo para o que vem depois. Quem continuamente se queixa da vida colhe justamente aquilo que reclama, pois fica na frequência negativa dos fatos e realidades. Ao passo que quando alguém está em contínua atitude de gratidão por tudo, o que vem depois também será, provavelmente, positivo, por emanar de uma frequência positiva, harmoniosa e amorosa.
A gratidão é o caminho da saúde e da felicidade. Pessoas positivas dão pouco espaço para a mágoa reinar. Não permitem a sombra se estabelecer. Não se deixam abater pela mediocridade. É maravilhoso encontrar um coração agradecido. Em tudo ele reconhece beleza e preciosidade. Não há desencanto nem desespero. Não há banalidade nem trivialidade. Tudo é motivo de gratidão.
Precisamos acreditar que realmente somos partes harmoniosas do universo do Grande Mistério. Quando, ao contrário, nos consideramos à mercê dos mistérios da vida, esquecemos nossa conexão espiritual. Em todas as tradições nativas, honramos a Essência Espiritual que existe em todas as coisas vivas. Podemos ver a Chama Eterna do Amor que o Criador colocou dentro de cada pedaço da Criação: nas pedras, plantas, nuvens, animais e homens. Somos todos portadores desta chama de luz. Ao negar a nossa Essência Espiritual, podemos nos perder nas Noites Escuras da Alma. Ao atravessar uma Noite Escura da Alma, reencontramos aquela luz interior que nos foi concedida, e que nos mostra como reencontrar a direção através de qualquer momento de escuridão nos caminhos da vida.
Conteúdo extraído do trabalho de conclusão do Curso de Psicologia Transpessoal apresentado à Universidade Internacional da Paz – UNIPAZ, como requisito para a obtenção do título de Especialista.
Especialista: Lauro Miechuanski
Francisco Beltrão – 2011
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