Divina Mulher

  • Divina Retidão

    Não abro mais portas e janelas

    Arranquei de vez o teto da casa velha.

    Permito entrar apenas o que vem de cima

    O que verdadeiramente se anuncia dos céus.

    A casa está toda molhada

    Hora quente e cheia de luz, hora estrelada.

    O titilar da porta não me aguça mais (Quem é?)

    Minha morada é sagrada.

    Demorei um tempo para enxergar

    A organização dos móveis da casa,

    A limpeza dos cômodos, as cores das paredes. Demorei, mas enxerguei.

    A casa vai limpando conforme a chuva vai caindo

    Vai ganhando vida com o despertar das trepadeiras.

    A abertura é verticalizada, me aponta para as estrelas,

    Me alinha na espinha, me faz rainha, donzela, curandeira.

    Dona de mim mesma

    Eu cuido com quem bate à minha porta

    Porque tudo que devo receber, vem dos céus.

     

    Toda mulher tem em si, a direção certeira de sorrir.

     

    (Naira Demarchi)

 

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